quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

resenha

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a pratica educativa. 21ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Magno dos Santos Braga.

(Acadêmico da Universidade do Estado do Amapá do Curso de Pedagogia do 6º.Semestre)

Paulo Reglus Neves Freire (Recife, Brasil 19 de setembro de 1921São Paulo, Brasil 2 de maio de 1997) foi um educador brasileiro. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife. Sua família fazia parte da classe média, mas Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. Pelo mesmo motivo, sofreu a perseguição do regime militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio

O educador procurou fazer uma síntese de algumas correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão foi aliada ao talento como escritor que o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.

A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.

Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando língua portuguesa. Em 1944, casou com Elza Maia Costa de Oliveira, uma colega de trabalho. Os dois trabalharam juntos pelo resto de suas vidas e tiveram cinco filhos.

Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com analfabetos pobres. Também nessa época aproximou-se do movimento da Teologia da Libertação.

Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, em 1962, realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro (que, sob o presidente João Goulart, empenhava-se na realização das reformas de base) aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos (os "círculos de cultura") pelo País.

Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, Educação como Prática da Liberdade, baseado fundamentalmente na tese Educação e Atualidade Brasileira, com a qual o Freire concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.

O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, que foi publicado em varias línguas como o espanhol, o inglês (em 1970), e até o hebraico (em 1981). Em razão da rixa política entre a ditadura militar e o socialismo cristão de Paulo Freire, ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Geisel assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política.

Depois de um ano em Cambridge, Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique.

Com a Anistia em 1979 Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT foi bem sucedido nas eleições municipais de 1988, para a gestão de Luiza Erundina (1989-1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do MOVA - Movimento de Alfabetização, um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras (majoritariamente petistas ou de outras orientações de esquerda) e outras instâncias de governo.

Em 1986, sua esposa Elza morreu. Dois anos depois, em 1988, o educador casou-se com a também pernambucana Ana Maria Araújo Freire, conhecida pelo apelido "Nita", que além de conhecida muito antiga era sua orientanda no programa de mestrado da PUC-SP.

Em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as idéias de Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.

Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h53, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações na operação de desobstrução de artérias.

Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Base (CEB).

No entanto, a obra de Paulo Freire não se limita a esses campos, tendo eventualmente alcance mais amplo, pelo menos para a tradição de educação marxista, que incorpora o conceito básico de que não existe educação neutra. Segundo a visão de Freire, todo ato de educação é um ato político.

Paulo Freire em sua obra "pedagogia da Autonomia" saberes necessários a pratica educativa. Traz como idéia central da obra uma reflexão sobre a educação critica progressista, onde o docente precisa de alguns saberes fundamentais a pratica educativa, mesmo que tal docente seja um profissional conservador, porém sempre levando em consideração a autonomia do discente.

O referido autor no primeiro capitulo de seu livro "não há docência sem discência" trata a seguinte problemática. O educador não é o soberano do conhecimento,portanto, educar não é transferir conhecimento, ou seja, no ato educador-educando aprende-se concomitantemente ,onde o docente traz consigo o conhecimento cientifico e o discente o empírico o qual deve ser respeitado ,logo é um conhecimento geralmente popular e esses devem não transferir conhecimento e sim contribuir para o aprendizado mútuo evitando a "concepção bancaria da educação" que consiste no conservadorismo "tradicionalismo" que concebe o educando como alguém inerte que apenas recebe depósitos de conteúdos, incapaz de expor sua própria opinião, logo não há a dialogicidade entre professor-aluno.

Freire no segundo capitulo de sua obra com o sub-tema ensinar não é transferir conhecimento a problemática ocorre no ponto de vista, onde o educador deve aceitar esse conceito como o primeiro a sua pratica educativa crítica-progressista e deve ter a consciência que propiciar meios para que a educação ocorra, ou seja, sempre estar disposto a interagir com os discentes, caso contrario estará o professor mantendo o modelo conservador repudiado por Freire que tem como conseqüência a educação "bancaria". O educador aqui citado diz que "mudar é difícil, mas é possível" que os professores podem e devem promover a mudança através de atitudes éticas inerentes a sua função jamais aceitando o discurso político-ideológico de que sempre foi assim, devem promover a mudança apesar desta demandar o tempo cronológico e sempre ter o bom senso por quem está "alienado" ter esperança que a educação é uma das formas de melhorar o quadro social o qual pena uma boa parte da humanidade, ter consciência que como professor é humano assim como seus alunos, logo são éticos, sociais, históricos, físicos, biológicos, sobre tudo inacabado, pois aprendem a aprender e ensinar a todo o momento.

No terceiro capitulo do referido livro Freire diz que "Ensinar é uma especificidade humana" e trata do tema-problema que diz respeito ao homem esse ser histórico, cultural, social, ético, biológico, químico, etc. Tem a capacidade de ensinar e através disso intervir no mundo, porém o autor propõe o seguinte: de que forma esse ensino esta sendo ministrado? A autonomia do discente é respeitada? Sua curiosidade esta sendo reprimida e como conseqüência a criticidade? O docente deve ensinar de maneira que o próprio educando não duvide de sua autonomia, que tem autoridade e sabedoria, professor e alunos compartilham modos de vida, ideologias essas que podem ser alienantes e cabe a eles superarem-nas de forma conjunta e promoverem as devidas mudanças para realmente que os saberes necessárias a pratica docente sejam efetivos e verdadeiros.

Paulo Freire em tal obra levante temáticas no âmbito educacional mais especificamente entre docentes e discentes e vai ponderando pontos de vista no decorrer de seus argumentos, conclui que a educação funciona em conjunto, ou seja, nenhum de seus elementos age de forma isolada e muito menos descomprometida com o que faz.

Professor e alunos devem sempre interagir entre si e com isso criar o conhecimento, evitando a todo e qualquer custo á hierarquia a qual determinados docentes remetem seus discentes que a mudança é difícil, porém é possível e necessária os professores, alunos; são cidadãos, humanos, homens e mulheres, seres culturais, sociais, físicos, químicos, biológicos. Históricos, inacabados, etc. São acima de tudo seres plenamente conscientes que educar é parte integrante da racionalidade humana que faz-se necessária uma educação do e para o humano e não uma educação no humano, Deve-se assumir uma postura profissional fugindo da ideologia alienante a qual a todo os momentos nos colocam a mídia, globalização,etc.

Deve-se educar para a compreensão da essência humana para aflorar sua parte generosa, que nos torna mais humildes, generosos, mais homens, pois só quem tem a capacidade de amar pode realmente educar.

Em seu livro "pedagogia da autonomia" saberes necessários a pratica educativa o educador Paulo Freire expõem alguns saberes que o professor deve conhecer para criar ou deixar fluir a autonomia do seu aluno, os saberes expostos são de suma importância para a educação como um todo, logo o homem desde seus primórdios educa para que seus alunos tornem-se melhores em dignidade, humildade, inteligibilidade.

Esse autor coloca questões de cunho sócio-cultural-histórico os quais a humanidade passou ou passa e nesse ponto ele serviu com suas reflexões para o passado e serve como nunca para o presente.

Seu livro deve ser de conhecimento de qualquer pessoa interessada a atuar na área educacional, pois lendo esse livro pode-se não mudar, porém se têm uma opção de mudança, ou uma maneira de se atuar.

Como toda educação se vincula a cultura e essa esta intimamente ligada á sociedade, o livro em questão tem contribuições inimagináveis para o setor educacional, cultural, logo carrega um propósito de desalienar o educador, o aluno, a sociedade e Morin (2005) diz que "O dever principal da educação é de armar cada um para o combate a lucidez" é disso que se necessita na educação de seres lúcidos sabendo o que fazem, o que querem, não se subordinando a coisas alheias ao seu gosto. Torna-se necessário uma reflexão também sobre a condição que possuímos de homens necessitados de compreensão do outro, da educação, da sociedade, etc.

Devemos, então "respeitar no outro, ao mesmo tempo, a diferença e identidade quanto a si mesmo; desenvolver a ética da solidariedade; desenvolver a ética da compreensão; ensinar à ética do gênero humano" (MORIN, 2005, p.106). Assim estaremos respeitando a nossa própria condição de seres culturais, históricos, sociais, biológicos, químicos, etc. Podemos rumar à compreensão verdadeira do outro que completa-nos e nos faz melhores em dignidade humana.

O texto de cunho dominantemente literário e cientifico corrobora que as idéias nele expostas têm comprovações e essas na grande maioria estão em nós ou passam em frente a nossos olhos. Para quem atua na área educacional especialmente docência é o seu dia-a-dia, onde alunos e professores vivem e re-vivem sobre o que escreveu Freire e o mais importante podem comprovar que o ensino é um processo de formação de pessoas autônomas com saberes e necessidades que só a educação pode propiciar.

Referencias

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a pratica educativa. 21ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MORIN,Edgar. Os sete Saberes Necessários a Educação do Futuro: São Paulo. Cortez,2005.

pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire. Acesso em 02 de Agosto de 2009.

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